Palestra com Conceição Evaristo apresenta a obra “Macabéa, Flor de Mulungu”
No dia 27 de junho, quinta-feira, a partir das 19h30, a Academia Mineira de Letras recebe, dentro do projeto Livro do mês, a poeta, professora e acadêmica Conceição Evaristo, com a
obra Macabéa, Flor de Mulungu – livro-conto que propõe um outro olhar para Macabéa, personagem central do romance A Hora da Estrela, um dos mais consagrados trabalhos escritos por Clarice Lispector. A palestra conta com participações do presidente Jacyntho Lins Brandão e de Constância Lima Duarte, e será seguida de lançamento, no auditório da AML.
O conto Macabéa, Flor de Mulungu tem início na cena em que Macabéa é atropelada. A metáfora da flor de mulungu se inicia com o texto justamente pela imagem da nordestina acidentada, ali agonizante. A narrativa conduz o leitor a conhecer “uma outra Macabéa”, “em estado de floração”, recém-nascida naquele conto com direito a história, memória e futuro.
Em artigo escrito a quatro mãos, as autoras Aline Arruda e Cristiane Côrtes mostram que Conceição Evaristo, ao criar outra Macabéa, revela uma personagem sincronizada com seu projeto literário: “dar visibilidade às mulheres negras e capturá-las do estereótipo ou do silenciamento recorrentes no campo literário legitimado. A narrativa faz uma referência explícita ao autor do realismo francês, Gustave Flaubert, para demarcar o seu ponto de vista e o contexto em que sua obra é publicada”, afirmam.
A “Béa” criada por Evaristo traz, assim, a história da Macabéa de Lispector, mas, para além dela, carrega o projeto de Evaristo, reforçando sua escrita socialmente comprometida com ocoletivo. “Há, durante o conto, um esforço para tirar de Macabéa o estigma do ser autômato criado por Rodrigo como um gesto de resgate da sua identidade”, destacam. Ainda sobre o título do livro-conto, as autoras contextualizam que a metáfora é crucial para a compreensão da reversão dos estereótipos reproduzidos pelo narrador de A hora da estrela.
“Flor de Mulungu reúne a memória da dor e da tradição ancestral como se tivesse passado por um processo de renascimento, mas não de apagamento da bagagem adquirida. O nome escolhido para o conto já carrega a alegoria da resistência, uma vez que a árvore de Mulungu apresenta um aspecto seco e sem vida antes da floração, que é de um laranja ou vermelho vigoroso e que passa longos meses antes de germinar”, afirmam.
Escritora, ficcionista e ensaísta, é graduada em Letras pela UFRJ, Mestra em Literatura Brasileira pela PUC/Rio, Doutora em Literatura Comparada pela UFF. Sua primeira publicação (1990) foi na série Cadernos Negros, do grupo Quilombhoje.
Tem sete livros publicados, entre eles o vencedor do Jabuti, Olhos D’água (2015), cinco deles traduzidospara o inglês, o francês, o espanhol, o árabe e o eslovaco. Dentre outras láureas, recebeu o Prêmio do Governo de Minas Gerais pelo conjunto de sua obra; Prêmio Nicolás Guillén de
Literatura pela Caribbean Philosophical Association; Prêmio Mestra das Periferias pelo Instituto Maria e João Aleixo. Recebeu uma homenagem do Itaú Cultural com a Ocupação
Conceição.
Em 2019, foi a escritora homenageada da Olimpíada de Língua Portuguesa pelo Itaú Social e também a personalidade literária do Prêmio Jabuti. Em 2022, tomou posse da Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência, na USP. Em 2023, recebeu o Prêmio Juca Pato e inaugurou a Casa Escrevivência, na Pequena África, no Centro do Rio de Janeiro. É mãe de Ainá, sua especial menina.
SERVIÇO
PALESTRA “MACABÉA, FLOR DE MULUNGU”
Com a poeta e acadêmica Conceição Evaristo
27 de junho, quinta – às 19h30
Local: auditório da Academia Mineira de Letras
(Rua da Bahia, 1466 – Lourdes)
Acesso gratuito | Interpretação em Libras
Informações para o público:
Instagram @amletras