Estreia espetáculo “Mamulenga”: novo trabalho do Grupo Girino presta homenagem às mestras da cultura popular brasileira e do teatro de bonecos
Inspirado na tradição nordestina do Mamulengo, novo espetáculo do Grupo Girino aborda o protagonismo feminino nas artes ao narrar a história de Maria, filha de mestre mamulengueiro que, com a morte do pai, assume ofício difundido majoritariamente entre homens bonequeiros.
No palco do Teatro Marília, atores e bonecos interagem com o público ao som de trilha tocada ao vivo, com canções que vão do baião ao rock. O espetáculo circula até 13/07 com apresentações gratuitas, em quatro espaços da capital mineira.
No dia 8 de junho, sábado, estreia “Mamulenga”, novo espetáculo do Grupo Girino que presta homenagem às expoentes femininas da cultura popular brasileira e do teatro de bonecos. Com a morte do pai mamulengueiro – ofício passado por gerações de homens -, Maria protagoniza sua própria história e se torna mestre mamulengueira. Em cena, o público assiste à manipulação de bonecos inspirada pela tradição nordestina aliada às técnicas mistas do Teatro de Animação contemporâneo. A direção é de Tiago Almeida, que assina a dramaturgia ao lado de Fernando Limoeiro – premiado diretor e dramaturgo da cultura popular que, neste ano, celebra 40 anos de trajetória.
“Mamulenga” fica em cartaz nos dias 8 e 9/06, sábado e domingo, às 18h, no Teatro Marília. As sessões contam com intérprete de Libras. A entrada é gratuita com retirada de ingressos no Sympla. Classificação indicativa: Livre. Gênero: Teatro de bonecos. Depois o espetáculo circula no dia 20/06, quinta, no Centro Cultural Padre Eustáquio, em 27/06, no Centro Cultural Venda Nova e no dia 13/07 no Centro Cultural Usina da Cultura, sempre com sessões gratuitas. Mais informações @grupogirino. Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, com patrocínio da MGS .
Manifestação cultural e popular, tipicamente brasileira, em 2015, o Teatro de Bonecos Popular do Nordeste passa a ser reconhecido com o título de Patrimônio Imaterial Cultural do Brasil pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O enredo do espetáculo traz referências de personagens arquetípicos dessa linguagem teatral, como Benedito, Rosinha, João Redondo e Morte. Essas narrativas pertencem à tradição oral e perduram por gerações de bonequeiros. “Esse é um ponto importante de ‘Mamulenga’: o ofício artesanal que é passado de um membro da família para outro, preservando as memórias tradicionais”, destaca Tiago Almeida, diretor e dramaturgo do espetáculo.
Em “Mamulenga” o público é levado a embarcar nas narrativas de Maria, que aprende desde cedo o significado da perda e embarca em sua jornada de recuperar os bonecos do seu falecido pai, um grande mestre Mamulengueiro. Ao decorrer da trama, a garota fortalece suas raízes e se dá conta do quanto é corajosa e está disposta a lutar pelo que acredita. Para preservar a memória do Teatro de Mamulengo, Maria se torna mamulengueira, protagonizando seu próprio destino e reforçando a importância da presença da mulher nos mais diversos espaços artísticos. Em seu percurso, essa pequena heroína do sertão conhece Lia de Itamaracá, Ivone Lara, Dona Selma, Ismine Lima, Denise di Santos e Dona Militana, mulheres que são referência na história da cultura popular brasileira. Esse é um dos momentos do espetáculo de saudação a representatividade das mestras do nosso país.
Na dramaturgia de Fernando Limoeiro e Tiago Almeida, a estrutura narrativa traz artifícios da metalinguagem, como o teatro dentro do teatro, para homenagear as artes da cena e as tradições populares. A história se passa, não por acaso, em Limoeiro, no interior de Pernambuco, cidade natal do autor Fernando Limoeiro. “O Mamulengo é a voz do povo, parabenizo o Grupo Girino por essa importante homenagem aos mestres e mestras das Culturas Populares. Eu me sinto honrado de ter participado dessa história e de ver o Mamulengo representado”, comenta Fernando Limoeiro.
Em cena, um elenco todo formado por atrizes bonequeiras que dão vida aos personagens, mesclando técnicas diversas do teatro de bonecos. Na trama, a protagonista Maria é filha de Zé Bastião, boneco conduzido pela atriz e musicista Lud Benquerer. Alice Cabral é responsável pelos bonecos Benedito e pela protagonista Maria. “É um desafio técnico manipular diferentes tipos de bonecos com precisão e expressividade, mantendo a ilusão de vida dos personagens”, comenta. A atriz Kely Daiana também acumula a manipulação de Rosinha, o Coroné João Redondo e a Morte – comumente presente como personagem nos livretos de cordel do Nordeste.
A cenografia de Tiago Almeida dialoga com sobreposições de tecidos para a criação de ambientes miniaturizados, criando um ambiente de fantasia que o Teatro de Bonecos proporciona para o espectador. Os figurinos dos atores e bonecos fazem referência às bordadeiras e crocheteiras de Minas Gerais e do Nordeste, todos feitos à mão, com rendas, franjas, bordados e tingimentos. A equipe de caracterização do espetáculo contou com Cícero Miranda, Brenda Souto, Iasmim Marques e Júlia Souto.
A trilha sonora composta por 20 canções tocadas ao vivo mistura ritmos como arrasta-pé, coco, baião, xote, embolada, dentre outros. Cada personagem da trama é marcada por instrumentos distintos como sanfona, violão, tambor, pandeiro, kalimba, caxixi, xilofone, uma pequena rabeca e um marimbau – sendo esses dois últimos, desenvolvidos exclusivamente para o espetáculo. A cantora Andrea Amendoeira assina a preparação vocal e a direção musical é de Ana Cristina e Carlinhos Ferreira.
“Mamulenga é uma celebração da cultura popular brasileira e da força feminina. Através da história de Maria, o espetáculo honra tradições ancestrais, mestres e mestras culturais, ao mesmo tempo em que narra uma jornada de coragem e determinação, mostrando que o talento e a paixão podem superar qualquer barreira”, conclui a atriz Alice Cabral.
Ficha Técnica:
Realização: Grupo Girino
Dramaturgia: Fernando Limoeiro e Tiago Almeida
Direção: Tiago Almeida
Elenco: Alice Cabral, Kely Daiana e Lud Benquerer
Direção musical: Ana Cristina e Carlinhos Ferreira
Composição original: Alice Cabral, Ana Cristina e Tiago Almeida
Arranjos musicais: Alice Cabral, Ana Cristina, Caio Gracco Guimarães e Lud Benquerer
Preparação vocal: Andrea Amendoeira
Assessoria de percussão: Carlinhos Ferreira
Assessoria de danças populares: Elisanea Lima
Assessoria de comicidade: Juliene Lelis
Construção de instrumentos: Adelson Tambores Gerais e Carlinhos Ferreira
Projeto técnico de bonecos: Jordana Ferreira
Criação de bonecos: Jordana Ferreira, Júlia Souto e Tiago Almeida
Cenografia: Tiago Almeida
Cenotécnica e Criação de objetos de cena: Gustavo Campos Ed e Jordana Ferreira
Adereçagem e Assistência de cenografia: Crava Ateliê
Ilustrações e Projeto gráfico: Bruno de Souza
Coordenação de caracterização: Iasmim Marques
Figurinos elenco: Cícero Miranda
Figurinos bonecos: Brenda Souto, Iasmim Marques e Júlia Souto
Criação de luz: Pedro Paulino e Richard Zaira
Técnica de som: Wal Almeida
Diretora de produção: Iasmim Marques
Produção: Bárbara Navarro e Maikon Rangel
Assessoria de imprensa: Rizoma Comunicação & Arte
Intérprete de Libras: Jonnathan Galvão
Fotografia: Aflora Imagem
Filmagem: Limonada Content House
SERVIÇO
“ESPETÁCULO MAMULENGA
8 e 9/06 (sábado e domingo) às 18h
Teatro Marília
Av. Professor Alfredo Balena, nº 586, bairro Santa Efigênia
Acesso gratuito | retirada no Sympla
20/06 (quinta-feira) às 15h
Centro Cultural Padre Eustáquio
Rua Jacutinga, nº 550, bairro Padre Eustáquio
Acesso gratuito | Sujeito a lotação
27/06 (quinta-feira) às 15h
Centro Cultural Venda Nova
Rua José Ferreira dos Santos, nº 184, bairro Jardim dos Comerciários
Acesso gratuito | Sujeito a lotação
13/07 (sábado) às 15h
Centro Cultural Usina da Cultura
Rua Dom Cabral, nº 765, bairro Ipiranga
Acesso gratuito | Sujeito a lotação
Retirada gratuita de ingressos no Sympla
Mais informações: @grupogirino